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II Jornada de História da Contabilidade

II Jornada de História da Contabilidade,Lisboa, 02 de Março de 2002

Programa:

09h00 – Recepção e entrega de documentação

09h30 – Sessão de Abertura

10h00 – Apresentação de Comunicações

13h00 – Intervalo para almoço

14h30 – Apresentação de comunicações

17h30 – Conclusões

18h00 – Encerramento

Oradores:

António Campos Pires Caiado
Professor Catedrático do ISEG / Presidente do Concelho Cientifico do CEHC da APOTEC

Delfina Rosa da Rocha Gomes
Professora Universitária / Membro do Conselho Executivo do CEHC da APOTEC

Esteban  Hernandez Esteve
Presidente da comissão História da Contabilidade da AECA

Fernando Martin Lamouroux
Professor Catedrático da Universidade de Salamanca

Hernani Olimpio Carqueja
Director da Revista Contabilidade e Comércio / Membro do Conselho Cientifico do CEHC da APOTEC

Joaquim António Calado Cochicho
Responsável pela Biblioteca do Arquivo Nacional da Torre do Tombo / Membro do Conselho Cientifico do CEHC da APOTEC

José António Porfirio
Docente Universitário / Consultor das nações Unidas para a UNCTAD

Lúcia Portela Lima Rodrigues
Professora Universitária / Membro do Conselho Cientifico  do CEHC da APOTEC

Matilde Estevens
Professora do ISCAL

Sónia Ruivo
Licenciada em Auditoria pelo ISCAL

***

Realizou-se no passado dia 2 de Março no Auditório Principal do ISCAL, a II Jornada de História da Contabilidade, com muito publico presente e interessado, e que constituiu um assinalável êxito.

Presidiu à abertura da Jornada, Sua Excelência o Sr. Ministro das Finanças.

A abrir os trabalhos foi oradora a Dr.ª Delfina Rosa da Rocha Gomes, com a comunicação “A importância dos números árabes no nascimento da partida dobrada”.

Sendo um tema de muito interesse e bastante polémico, pois tanto se pode invocar o algarismo como estando na origem da partida dobrada, como a partida dobrada, estando na origem da aceitação do algarismo e dos números negativos, na opinião da Dr.ª Delfina o algarismo não constitui uma pré-condição para o aparecimento da partida dobrada, porém desempenharam pelo menos um papel muito importante no aperfeiçoamento dos registos e na simplificação dos cálculos. Concluiu ainda que a numeração romana se manteve em Portugal até ao século XVII, século em que se generaliza o registo contabilístico em algarismos.

De seguida apresentou o Professor Esteban Hernandez Esteve a comunicação “Gestion Experta y Controle n la Factoria General de los Reinos de España (1556) ”, onde afirma que o estabelecimento de feitorias, girando em volta do Feitor Geral dos Reinos de Espanha, Fernan Lopez del Campo, constitui o primeiro objectivo de Filipe II, para obter uma gestão técnica competente, rodeando-se de negociantes dextros no manejo dos instrumentos financeiros. Concedeu o rei a este feitor um poder excepcional de forma a tranquilizar os grandes credores da coroa espanhola – os Fugger, Negro, Gentile, etc-, porem nomeando um contador especifico – Pardo Orensa -, que assinaria com del Campo toda a documentação e estaria presente em todos os negócios. Também passou a Feitoria Geral a ter quatro contabilidades: uma, com as contas da Fazenda Real, por partidas dobradas, o que aconteceria pela primeira vez no reino de Espanha em termos de Contabilidade Pública; uma outra também digráfica, do próprio Feitor Geral; e mais duas que ajudavam a fechar o respectivo controle da contabilidade. De qualquer forma ficou demonstrada a abertura de Filipe II e seus colaboradores às inovações necessárias de gestão da Fazenda as quais não se compadeciam com as rotinas pesadas, próprias da Contabilidade Publica.

Depois o Professor Fernando Martin Lamoroux apresentou “La Partida Doble de um diário de 1581”, descobrindo este diário salvo da destruição apenas porque forrou a capa de um outro livro de António de Nebrija, grande gramático castelhano. Chama a atenção por exemplo para a particularidade de utilizar o por para definir a conta de credora, quando Pacioli utiliza o por para a conta devedora e o a para a conta credora.

Falou a seguir o Dr. Joaquim calado Cochicho sobre o “Hospital Real de todos os Santos em Lisboa”, onde evidenciou o “espírito de gestão na gestão das coisas do espírito”. Assim nos finais do século XV o rei João II e a sua mulher a rainha Leonor, substituem os 76 hospitais, albergarias, mercearias e gafarias, por um único grande hospital, o Hospital Real de Todos os Santos.

As Drªs. Lúcia Lima Rodrigues e Delfina Gomes apresentaram a comunicação “Evolução da Profissão dos Técnicos de Contas em Portugal: do Marquês de Pombal até aos nossos dias” onde historiam as vicissitudes que a profissão de técnicos de contas apresentou até hoje, através dos tempos clivadas por duas correntes: a dos práticos e a diplomados que juntamente com outras questões arrastou a regulamentação da profissão até quase ao termo do século XX (1995).

A comunicação “A importância da organização contabilística da Empresa Judice Fialho par o estudo da Contabilidade em Portugal”, apresentado pelo Professor António Pires Caiado e pela Dr.ª Ana Rita Faria, traz para a ribalta um sistema de contabilidade de uma empresa da industria de conservas de peixe – Júdice Fialho -, da primeira metade do século XX e a sua ligação à literatura contabilística da época.

As Dr.ªs Matilde Estevães e Sónia Ruivo trouxeram a comunicação “Documentação Comercial: Ricardo de Sá revisitado”, onde destacam a documentação comercial que Ricardo de Sá apresentou no seu Tratado de Contabilidade.

O Dr. Hernâni Carqueja apresentou o tema “Lopes Amorim e uns apontamentos de ‘Contabilidade Industrial’, ano 1932/1933, Instituto Superior do Comércio do Porto”, onde dá notícia de apontamentos de Contabilidade Industrial, expressando a sua opinião de que constituem”…uma reprodução feita por um profissional da dactilografia com base numa versão de apontamentos colhidos em estenografia sem alteração significativa de estilo do professor, ou notas apoiadas em esquemas e textos parcialmente fornecidos pelo professor.”

Finalmente o Dr. José Porfírio na comunicação “História da Contabilidade: o Regresso ao Futuro”, faz o contra-ponto a todo um edifício construído ao longo de séculos, questionando a Contabilidade a diversos níveis – a contabilidade como ciência, a contabilidade como aplicação, os executivos da contabilidade, por exemplo – deixando em aberto um interrogativo futuro dentro de uma visão estri9ta do exercício da profissão.